LignoSat: conheça o primeiro satélite de madeira do mundo6 min leitura
Reconhecido como o primeiro satélite artificial de madeira do mundo, o LignoSat foi lançado ao espaço no dia 5 de novembro de 2024 e se tornou notícia em todo o mundo. A seguir, saiba mais sobre esse pequeno satélite japonês e entenda porque a espaçonave da JAXA (Japanese Aerospace Exploration Agency) pode impactar o futuro das tecnologias espaciais.
O que é um satélite artificial?
Projetados e construídos por seres humanos, os satélites artificiais são desenvolvidos para orbitar a Terra ou outro corpo celeste com um objetivo específico. Diferentemente dos satélites naturais, como a Lua, por exemplo, esses objetos são fabricados com recursos terrestres – como o alumínio – e, posteriormente, são enviados ao espaço através de foguetes para desempenhar diferentes funções.
Confira, logo abaixo, algumas delas:
- monitorar condições climáticas, possibilitando a previsão do tempo;
- fornecer a localização precisa de pessoas, locais e outros elementos na Terra, alimentando sistemas como o GPS (Global Positioning System);
- registrar o comportamento do espaço, das estrelas e de outros corpos celestes, fornecendo dados para estudos científicos;
- facilitar a transmissão de sinais de telefonia, internet, TV e rádio;
- acompanhamento dos recursos naturais, como impactos de desastres ambientais e muito mais.
A classificação dos satélites artificiais é feita de acordo com o papel que cada um desempenha no ambiente espacial. Sendo assim, há satélites de comunicação, satélites de navegação, satélites de observação, satélites de pesquisa, entre outros.
O desenvolvimento do LignoSat
Resultado de uma parceria entre a Universidade de Kyoto e a empresa japonesa Sumitomo Forestry, o desenvolvimento do LignoSat teve início em abril de 2020. Depois de realizarem testes na Estação Espacial Internacional (ISS) para avaliar a viabilidade do projeto e o material mais adequado para a construção do satélite, os pesquisadores elegeram a magnólia honoki como a melhor opção.
Um dos testes consistiu na exposição de um pequeno painel com diferentes tipos de madeira às condições espaciais, no módulo Kibo da ISS, e teve duração de 10 meses. Nesse período, o material passou mudanças significativas de temperatura e foi submetido a raios cósmicos e partículas solares. Ao final, os cientistas observaram que a madeira de magnólia não se decompôs, nem deformou.
Com células pequenas de tamanho uniforme, a madeira de magnólia conta com uma estrutura resistente a quebras e é muito fácil de trabalhar. Essas características contribuíram para que, quando comparada à madeira de bétula e cerejeira japonesa, por exemplo, ela se destacasse como o material mais apropriado para a produção do satélite artificial.
Como é o LignoSat?
Pesando apenas 900 gramas, o LignoSat é um satélite artificial de madeira com 10 cm de altura, 10 cm de largura e 10 cm de profundidade, apresentando o formato de um cubo. Ele pertence à classe de pequenos satélites denominada CubeSat.
A montagem do hardware espacial de madeira se deu através de uma técnica tradicional japonesa que dispensa a aplicação de parafusos ou de cola para unir as partes. Além disso, conta com componentes eletrônicos e algumas estruturas convencionais de alumínio.
LignoSat: lançamento e análises
O LignoSat se lançou ao espaço no dia 5 de novembro de 2024 através do foguete Falcon 9 Block 5, da SpaceX. O lançamento ocorreu às 2h29 no Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida, do Complexo de Lançamento 39A.
Os passos seguintes, de acordo com os cientistas, envolvem a utilização de sensores para verificar a tensão na madeira durante toda a missão, mensurando as respostas do material à radiação no espaço e às mudanças de temperatura.
Os pesquisadores também farão o monitoramento dos níveis geomagnéticos a fim de analisar se o campo geomagnético é capaz de atravessar os componentes da madeira e afetar os recursos tecnológicos do satélite.
Satélite de madeira: uma alternativa mais sustentável
Mas, afinal, qual é a importância do LignoSat para futuras experiências espaciais? Atualmente, a maioria dos satélites convencionais é fabricada a partir do alumínio. Devido às suas inúmeras vantagens, esse metal leve e resistente está presente em várias indústrias, como a automobilística e a eletrônica. O problema, porém, está no retorno desses satélites à Terra.
Isso porque, ao entrar novamente na nossa atmosfera, esses satélites se desintegram e pegam fogo, em decorrência do atrito com os gases atmosféricos. Contudo, essa queima dá origem ao óxido de alumínio, um composto químico que pode prejudicar a camada de ozônio. A substituição do alumínio pela madeira reduziria a emissão desse tipo de poluente, minimizando os danos à atmosfera.
Dessa forma, o sucesso da madeira como material para a fabricação de satélites artificiais pode representar uma mudança de grande impacto, incentivando os pesquisadores e cientistas a buscarem soluções mais sustentáveis para futuros projetos espaciais.
A madeira é um material renovável e ecologicamente correto que, sem dúvida, apresenta infinitas possibilidades. Se você gostou de saber mais sobre o LignoSat, lembre-se de compartilhar o conteúdo nas suas redes sociais para que ele alcance mais pessoas. Até logo!